Morreu Dilon Djindji, o King da Marrabenta
NB: Artistas alertam para a preservação do legado de Dilon Djindji
O músico Dilon Djindji perdeu a vida aos 97 anos de idade, na madrugada desta quarta-feira, no Hospital Central de Maputo.
Ao longo da vida, Dilon Djindji travou várias batalhas, até auto-proclamar-se “King da Marrabenta”. Tocando e interpretando esse ritmo musical do Sul do país, o autor foi feliz e levou além-fronteiras as particularidades distintas da música moçambicana.
Apesar da coragem e da determinação, da longevidade artística que o caracterizou e da alegria com que actuava em palco, chegou um momento em que a saúde o impediu de continuar a compor e a divertir-se fazendo o que realmente gostava: cantar e dançar para a sua gente.
Nos últimos anos, entre baixas de saúde e internamentos hospitalares, sobretudo devido à idade, Dilon Djindji começou a travar a batalha mais difícil da sua vida, a de continuar com aqueles que o fizeram “rei”. O músico resistiu como pôde, mas, às zero horas desta quarta-feira, na Cardiologia do Hospital Central de Maputo, Dilon Djindji não resistiu e cedeu à morte aos 97 anos de idade completados mês passado, vítima de doença, deixando para trás a esposa que amou a vida inteira, os oito filhos e tantos netos.
Dilon Djindji nasceu no dia 14 de Agosto de 1927, em Marracuene, a 30 quilómetros da capital moçambicana. Aos 12 anos de idade, produziu a sua primeira guitarra, com apenas três cordas, a partir de uma lata de óleo.
Aos 15 anos de idade, Dilon começa a tocar em casamentos e em festas particulares, estimulado pela irmã mais velha. Nessa altura, tocava os populares estilos musicais dzukuta e magica.
Dilon Djindji sempre encontrou na música a arte de se expressar. Mas a sua vida também é feita de outras histórias. Em 1945, frequentou um curso de estudos bíblicos da missão suíça, em Ricalta, Marracuene, onde Henri Junod fundou uma escola evangélica.
Antes de ser “king da marrabenta”, Dilon foi pastor de igrejas, jogador de futebol e pugilista. E, apesar de uma vida intensa, Dilon Djindji nunca ignorou o vigor da música, mesmo quando trabalhou como mineiro na África do Sul, mesmo quando trabalhou numa cooperativa agrícola.
Em 1973, Dilon grava o seu primeiro álbum, Xiguindlana. E, ao longo do tempo, popularizou-se com canções que reflectem o quotidiano moçambicano, como “Maria Teresa”, “Angelina”, “Maria Rosa”, “Sofala”, “Marracuene”, “Xitlanwana”, e, claro, “Podina”.
Já na terceira idade, Dilon internacionalizou a sua carreira como vocalista dos Mabulu. No palco, a performance e os passos de dança eram inigualáveis.
Com os Mabulu, Dilon viveu os melhores momentos da carreira, tendo actuado em Portugal, Inglaterra, Noruega, Alemanha e Emirados Árabes Unidos.
Em 2013, a história do “Rei” foi contada em livro, intitulado Vida e obra de Dilon Djindnji.
Quando cantava, Dilon Djindji acreditava estar a cumprir uma missão, que, inclusivamente, lhe valeu a “Medalha de Mérito de Artes e Letras”, atribuída pelo Governo. Dilon dizia: “Temos de cantar para alegrar os corações das pessoas. Quando isso acontece, até os nossos antepassados descansam em paz”.
E, descansar em paz, é o que agora cabe ao homem que deu tudo à música: Dilon Djindji, o “King da Marrabenta”.
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